quinta-feira, 4 de junho de 2009

Crack

O que é?

O crack é uma mistura de cloridrato de cocaína (cocaína em pó), bicarbonato de sódio ou amónia e água destilada, que resulta em pequeninos grãos, fumados em cachimbos ( improvisados ou não). É mais barato que a cocaína mas, como seu efeito dura muito pouco, acaba sendo usado em maiores quantidades, o que torna o vício muito caro, pois seu consumo passa a ser maior.
Estimulante seis vezes mais potente que a cocaína, o crack provoca dependência física e leva à morte por sua acção fulminante sobre o sistema nervoso central e cardíaco.

Quais são as reacções do crack? O que ele provoca no organismo?

O crack leva 15 segundos para chegar ao cérebro e já começa a produzir seus efeitos: forte aceleração dos batimentos cardíacos, aumento da pressão arterial, dilatação das pupilas, suor intenso, tremor muscular e excitação acentuada, sensações de aparente bem-estar, aumento da capacidade física e mental, indiferença à dor e ao cansaço. Mas, se os prazeres físicos e psíquicos chegam rápido com uma pedra de crack, os sintomas da síndrome de abstinência também não demoram a chegar. Em 15 minutos, surge de novo a necessidade de inalar a fumaça de outra pedra, caso contrário chegarão inevitavelmente o desgaste físico, a prostração e a depressão profunda.
Estudiosos como o farmacologista Dr. F. Varella de Carvalho asseguram que "todo usuário de crack é um candidato à morte", porque ele pode provocar lesões cerebrais irreversíveis por causa de sua concentração no sistema nervoso central.

O crack é uma droga mais forte que as outras?

Sim, as pessoas que o experimentam sentem uma compulsão ( desejo incontrolável) de usá-lo de novo, estabelecendo rapidamente uma dependência física, pois querem manter o organismo em ritmo acelerado. As estatísticas do Denarc ( Departamento Estadual de Investigação sobre Narcóticos) indicam que, em Janeiro de 1992, dos 41 usuários que procuraram ajuda no Denarc, 10% usavam crack e, em Fevereiro desse mesmo ano, dos 147 usuários, já eram 20%. Esses usuários, em sua maioria, têm entre 15 e 25 anos de idade e vêm tanto de bairros pobres da periferia como de ricas mansões de bairros nobres.
Como o crack é uma das drogas de mais altos poderes viciantes, a pessoa, só de experimentar, pode tornar-se um viciado. Ele não é, porém, das primeiras drogas que alguém experimenta. De um modo geral, o seu usuário já usa outras, principalmente cocaína, e passa a utilizar o crack por curiosidade, para sentir efeitos mais fortes, ou ainda por falta de dinheiro, já que ele é bem mais barato por grama do que a cocaína. Todavia, como o efeito do crack passa muito depressa, e o sofrimento por sua ausência no corpo vem em 15 minutos, o usuário usa-o em maior quantidade, fazendo gastos ainda maiores do que já vinha fazendo. Para conseguir, então, sustentar esse vício, as pessoas começam a usar qualquer método para comprá-lo. Submetidas às pressões do traficante e do próprio vício, já não dispõem de tempo para ganhar dinheiro honestamente; partem, portanto, para a ilegalidade: tráfico de drogas, aliciamento de novas pessoas para a droga, roubos, assaltos, etc.

O CRACK, 14 QUILOS A MENOS EM UMA SEMANA

Em São Paulo, aconteceu o pior... Conheci o crack, que tanto havia escutado falar...

Eu estava bem com minha irmã. Ajudava ela a cuidar de minha sobrinha, ela confiava em mim. Ela era casada com um cara, que trabalhava na área de segurança. Esse rapaz tinha um revólver e eu acabei roubando a arma...

Com a arma, subi a favela do Jardim Miriam e troquei o revólver, por 48 pedras de crack... Lembro-me que encheu um saquinho...

Foi arrasador, como tudo aconteceu. Eu nunca havia fumado aquilo antes... O crack, é muito violento. Chega ao cérebro em 15 segundos e o efeito é destruidor.

Com as pedras de crack, me internei em um quartinho de hotel, e fiquei seis dias, fumando as "pedras", sem parar...

Quanto mais fumava, mais vontade tinha de fumar... Era impossível parar... O crack me ressecava a garganta... Provocava-me uma tosse, que doía toda vez...

Mesmo assim, eu não parava de fumar... Fiquei aqueles seis dias sem comer e sem dormir! No sexto dia, sem sair do quarto, eu já estava um caco.

Havia emagrecido uns 14 quilos no mínimo!

Meu coração começava a doer, de tanto ter que trabalhar sob stress. Meus olhos, eram duas bolitas gigantes e estaladas, eu não conseguia sequer cerrar as pálpebras...

A coisa foi muito violenta. Iniciou-se o processo de overdose...

Comecei a estertorar, a ter convulsões, me mijei nas calças...

Comecei a me babar, e a sentir um frio horrível, que parecia que iria me congelar... Estava morrendo...

Naquela hora, me lembro que pedi mentalmente à Deus, por uma chance...

Pedi-lhe, que não me deixasse morrer! Vi, que dessa vez era o fim... Senti a morte de verdade! Naquela vez, não haveria retorno, pensei... Senti isso dentro de mim, e me apavorei, com a morte que se aproximava...

Todas as minhas forças se concentraram na imagem de Jesus, me lembrei do Salmo 23... Pedi perdão, e me apaguei...

Acordei-me no hospital de pronto-socorro de Jabaquara, com uma agulha espetado em minha veia. Era soro!

Eu não havia morrido! Cheguei a conclusão que Deus havia aceitado meu pedido, que uma nova chance havia ganhado...

E estava decidido a não desperdiçá-la mesmo...

Do hospital de Jabaquara, conseguiram uma vaga para mim na Clínica Santa Fé, em Itapira/SP. Fiquei vários meses. De lá, fui para o Hospital Charcot, de volta à São Paulo-CapitaL.

Daquela clínica, consegui entrar em contato com minha mãe, que a essas alturas morria de preocupação sobre o meu paradeiro...

Ninguém sabia, o que tinha acontecido comigo...

Minha mãe ficou muito feliz em saber, que faziam vários meses que eu estava internado, e a esperança, voltou a brilhar...

Ela resolveu me internar numa clínica em Porto Alegre, e me fez voltar para o Rio Grande do Sul...

Ainda me lembro, que, como não tinha roupas, tive que voltar no ônibus interestadual, com o uniforme do Hospital Psiquiátrico Charcot!

Foi um retorno de muita emoção para mim...

Sentia que estava voltando para casa, e que tudo havia terminado. Que dali em diante, eu iria trilhar o caminho da restauração!

Quando cheguei em Porto Alegre, ainda fiquei uns três dias na casa de minha mãe, até que surgisse uma vaga numa clínica particular, aqui em Porto Alegre.

Surgida a vaga, minha mãe me internou novamente. Mas agora, não havia mais a necessidade de tantos cuidados, pois já vinha desintoxicado de São Paulo.

Pude, de imediato, passar a receber visitas, e tive um ótimo atendimento, por parte do meu novo médico, o Dr. Rômulo Vieiro. Todos os médicos anteriores, não se acertaram comigo...

Eu tinha necessidade de conversar, de bater papo, sobre minha vida... Até de ser xingado...

Queria conselhos, queria me conhecer, queria entender minha própria doença...

Queria saber, porque tinha tanta compulsão, porque tinha tanta tentação, e como evitar a recaída...

Comecei a estudar vários livros, enquanto estava internado, e lá dentro, tive a idéia de fazer a minha primeira obra, que acabou se intitulando: "Meu Filho Não!".

Foi uma coisa incrível. Nunca havia composto um livro. Nem sabia como...

O Dr. Rômulo, muito envolvido, me apoiou, me estimulando até. Trouxe-me várias obras. Mostrou-me o CID 10-Código Internacional de Doenças, trouxe diversas publicações da área, então comecei um grande trabalho de pesquisa...

Minha mãe patrocinou a obra e mandou imprimir o primeiro milheiro. Hoje, já está na casa do 3º! As coisas foram acontecendo muito rapidamente...

Acabei indo morar no município de Porto Xavier, e lá, junto com um grupo de teatro, formado por crianças e jovens, produzimos uma fita de vídeo, que se intitulou: "Drogas, Abuso e Prevenção".

Foi um trabalho que durou sete meses para ser concluído!

Minha mãe teve que vender o carro que tinha para cobrir as despesas com a produção do filme. Todos nós trabalhamos como atores, e como quebramos a cabeça.

Foi muito difícil, maquiagem,iluminação, etc. Enfrentamos várias dificuldades. Toda a comunidade do município de Porto Xavier nos apoiou o que nos facilitou a produção. Mesmo assim foram quase sete meses de gravação. Quando terminamos as crianças não agüentavam mais...

Deus me iluminou, me orientando na montagem do roteiro e na direção.

Com a conclusão do vídeo, começamos a distribuí-lo para as escolas de todo o Brasil. Mais tarde, as pessoas começaram a nos pedir palestras para explicar a nossa abordagem e então começou o Projeto Renascer...

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